Para cinco das nove empresas vencedoras do Prêmio ECO 2014, o consumidor tem que ser envolvido na causa da sustentabilidade por meio de campanhas de educação e comunicação das vantagens financeiras dos produtos feitos com responsabilidade socioambiental.
“Meu desejo é que as pessoas saibam o verdadeiro valor das coisas e seu impacto (de produção) no meio ambiente. Quando isso é conhecido, as pessoas vão tomar decisões mais adequadas e conscientes tanto para a sociedade como a empresa”, afirma Denise Gibran, gerente de Sustentabilidade do Itaú-Unibanco, no 3º Seminário de Sustentabilidade da Amcham – São Paulo, realizado na terça-feira (17/3).
Além do Itaú, participaram do encontro as outras empresas vencedoras do Prêmio ECO 2014 na modalidade ELIS (Estratégia, Liderança e Inovação para Sustentabilidade): Tetra Pak, AES Brasil, Precon Engenharia e Pontal Engenharia. A categoria premia as empresas que se destacaram, ao longo do ano passado, em projetos de sustentabilidade incorporada ao modelo de negócios.
Conscientização dos consumidores
O Itaú-Unibanco foi um dos vencedores do Prêmio ECO 2014, tendo como um dos pilares o seu programa de Educação Financeira. Entre 2009 e 2011, o banco veiculou uma campanha interna sobre conscientização financeira, que mudou o comportamento de seus colaboradores. Mais racionais no uso do dinheiro, os funcionários começaram a utilizar a própria experiência ao oferecer produtos financeiros mais adequados ao perfil de renda dos clientes.
Na AES Brasil, a conscientização do consumo de energia em comunidades carentes reduziu as perdas comerciais e deu um dos prêmios ECO à empresa de energia. “Envolvemos as comunidades onde o consumo irregular de energia era maior, e buscamos formas de normalizar a relação”, conta Paulo Camillo Vargas Penna, vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da AES Brasil.
De acordo com o executivo, as pessoas que utilizavam a prática não tinham ideia dos efeitos negativos para o custo e a qualidade da energia. “Hoje, temos o menor índice de perda comercial de energia, em torno de 3%”, comemora.
Fernando Von Zuben, diretor de meio ambiente da Tetra Pak, ressaltou a importância de se dar o exemplo. A fabricante de embalagens, que venceu o ECO 2014 com o projeto de uso de matéria-prima renovável, não compra insumos de fornecedores sem certificação.
Os consumidores poderiam adotar o mesmo comportamento, sugere o executivo. “Ao comprar uma carne, seria bom verificar se a mesma possui certificação. Se consumirmos carne de gado criado ilegalmente na Amazônia, por exemplo, estaremos abrindo a porta para a destruição da floresta.”
Benefícios dos produtos sustentáveis
Os clientes das construtoras Precon Engenharia e Pontal Engenharia são, em boa parte, de baixa renda. Questionado se essa faixa de consumidor é sensível ao apelo socioambiental das novas unidades, Marcelo Miranda, CEO da Precon Engenharia, disse que sim.
“Mas só funciona se for explicado de forma prática, mostrando as vantagens financeiras. É preciso mostrar ao cliente que o consumo de água e energia vai diminuir, por exemplo”, responde. Em 2014, a Precon venceu em duas modalidades: ELIS – Pequenas e Médias Empresas, por suas ações voltadas aos produtos, funcionários e comunidade, e Práticas de Sustentabilidade – Produtos ou Serviços, por seu Sistema Habitacional Precon (SHP), contemplado pelo terceiro ano consecutivo.
A exemplo de Von Zuben (Tetra Pak), Ivo Corrêa Faria, diretor executivo da Pontal Engenharia, também disse que todos podem contribuir para a causa sustentável. “A sustentabilidade está em ações simples e diárias. Uma dona de casa pode consumir menos água para cozinhar, assim como um pedreiro pode gerar menos entulho na obra. Que cada um faça sua parte”, comenta Faria. Em 2014, a Pontal ganhou dois prêmios ECO, um por gestão sustentável (ELIS) e outro pelo projeto de redução de desperdício de resíduos em construções.
Fonte: Amcham