Matéria publicada na Revista Cores, edição 12, julho-dezembro de 2013, mostra o trabalho desenvolvido pela Pontal Engenharia para reaproveitamento de resíduos sólidos em suas próprias obras, gerando economia e reduzindo impactos ao meio ambiente. Confira a matéria abaixo:
Resíduos sólidos têm tratamento especial
Na teoria, desenvolvimento sustentável é um termo que já se tornou corriqueiro em qualquer segmento. Mas, na prática, o desafio tem sido utilizar os recursos naturais de forma consciente e com racionalidade, de modo a atender as necessidades da geração atual e garantir as das gerações futuras. “No setor da construção civil, talvez a chave para isso esteja em fazer uso de tecnologias disponíveis no mercado para melhorar as práticas construtivas, reaproveitar resíduos e materiais na edificação de empreendimentos e reduzir o desperdício”, diz o diretor executivo da Pontal Engenharia, Ivo Corrêa Faria. Segundo ele, trata-se de iniciativas simples de cunho ambiental, que em operação garantem retorno à empresa, ao meio ambiente, ao cliente e a outros públicos envolvidos no processo.
A clássica frase ‘na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma’, de Lavoisier – considerado o pai da Química –, pode muito bem ser aplicada a esse contexto. Apesar de antiga, seus pressupostos se enquadram na realidade vivida pelo setor da construção civil nos dias atuais. O melhor exemplo está nas ações de reaproveitamento de resíduos sólidos das obras. Restos de argamassas, tijolos, concretos, entre outros, são processados e se transformam em insumos na composição de argamassas para fabricação de blocos e canaletas de concreto, rebocos e contrapisos.
Práticas como essas fazem parte da rotina de trabalho da Pontal Engenharia, construtora goiana, pioneira na adoção de medidas visando a redução e reaproveitamento de resíduos. Em 2007, a empresa implantou o projeto Produção Mais Limpa e Sustentável com Resíduo Zero, e com ele já conquistou vários prêmios nacionais e regionais, face aos diferenciais socioambientais, econômicos e de qualidade propostos. Na busca pela melhoria contínua de seu Sistema Integrado de Gestão (SIG), a meta da empresa é zerar o descarte de resíduo classe A das obras. Estes seriam reaproveitados em sua totalidade e voltariam ao processo de produção, efetivando na prática o conceito da logística reversa.
O projeto está embasado na prática dos 5R’s, sendo quatro deles oriundos do PDCA (sigla em inglês, cuja tradução significa: Planejar, Executar, Verificar, Ajustar), acrescido do “R” relativo a Repensar. Trata-se de um método interativo de gestão, utilizado no controle e melhoria de processos e produtos. De acordo com a engenheira de Segurança e Meio Ambiente, Grace Cury, com o Produção Mais Limpa e Sustentável com Resíduo Zero houve avanço ainda na produtividade, na qualidade do produto final e na redução de custos operacionais.
Durante a etapa de edificação de uma de suas obras, a construtora economizou 600 metros cúbicos de areia. No geral, conseguiu-se reduzir 1 centímetro na espessura média do reboco, tanto interno quanto externo, conferindo qualidade ao acabamento e redução de insumos. O resultado final apontou uma redução de custos de aproximadamente R$ 300 mil em apenas um empreendimento. Nele, foram gerados 46,48 quilos de resíduos por metro quadrado construído, número que é 68,18% menor do que a média no Brasil, que é de 150 quilos por metro quadrado.
O processo – Após serem recolhidos e selecionados, os resíduos que pertencem à chamada classe A vão para uma mini usina, onde são triturados e retornam como matéria-prima ao processo produtivo. Esses resíduos, considerados não perigosos e não inertes (que não mudam a composição ao longo do tempo), constituem-se em canaletas, blocos, pedras, argamassa e afins. Entre outras vantagens do processo de reaproveitamento está a possibilidade de substituir os tijolos cerâmicos pelos blocos de concreto, produzidos com resíduos da obra, eliminar a caçamba de entulho, diminuir a geração de resíduos e, por conseguinte, demandar menos recursos naturais.
O agregado de materiais resultante da trituração pode ainda ser empregado na fabricação de concreto não estrutural, usado para enchimento e regularização de lajes e pisos, bem como para isolamento térmico e acústico. Um triturador e uma máquina bloco instalados no local da obra são capazes de fabricar na hora esses tijolos. A madeira de construção, após ser reutilizada em andaimes e bancos, é doada para reutilização em fornos da indústria cerâmica. Metais e papéis são recolhidos e destinados à reciclagem.